O setor de máquinas e equipamentos encerrou o mês de junho com desempenho negativo em razão da fraqueza no mercado doméstico, mas no semestre registrou crescimento de 14,8% nas receitas líquidas de vendas. Diante deste bom desempenho, a ABIMAQ revisou para cima o crescimento da receita liquida de vendas em 2025. A entidade espera agora expansão de 7,9%, resultado que mantém a previsão de que a economia irá desacelerar no segundo semestre e provavelmente registrar crescimento de 2% em relação ao 2º semestre de 2024.
O segundo semestre deve, portanto, ser marcado por desaceleração das atividades da indústria de máquinas e equipamentos, em razão dos efeitos cumulativos do aperto monetário, da desaceleração da economia global, podendo ainda ser aprofundado pela elevação da tarifa do imposto de importação para bens produzidos pelo Brasil.
Na hipótese de a tarifa subir para 50%, as estimativas apontam para a retração nos principais indicadores macroeconômicos e setoriais. A indústria de máquinas e equipamentos, poderá encolher, em função da medida anunciada pelo Governo Norte-Americano, cerca de R$ 24 bilhões ao ano, o equivalente a 9% da sua receita liquida (R$ 275 bilhões), sendo R$ 19,3 bilhões no curto prazo, em função da perda do mercado norte-americano e R$ 4,8 bilhões no longo prazo, pela redução dos investimentos na economia nacional. Este cenário reduziria o crescimento de 2025 para 5% ao provocar uma queda de 15,1% nas exportações de máquinas e equipamentos.
Desempenho em junho
O mês de junho de 2025 registrou sinais de desaceleração nos investimentos em máquinas e equipamentos (-4,4%). No período houve queda tanto na aquisição de máquinas produzidas localmente (-11,4%) quanto importadas (-4,8%). As exportações voltaram a crescer (6,3%), mas não o suficiente para anular a queda no mercado doméstico, resultando em receita total de vendas 5,4% inferior à do mês de maio (com ajuste sazonal).
A receita líquida total de vendas foi de R$ 26,4 bilhões, crescimento de 9,9% sobre junho de 2024, mas retração de 5,4% frente a maio, após ajuste sazonal. No mercado doméstico, o setor movimentou R$ 20,6 bilhões, alta de 8,8% na comparação interanual, mas queda de 11,4% ante o mês anterior.
Comércio Exterior
As exportações de máquinas e equipamentos somaram US$ 1,05 bilhão, com aumento de 6,3% sobre maio e 14,5% em relação a junho de 2024. No primeiro semestre, porém, as exportações acumulam queda de 4,3%, afetadas principalmente pela redução nos preços internacionais e pela menor demanda norte-americana. Os Estados Unidos, principal destino das exportações brasileiras do setor (26,6% do total), reduziram suas compras em 12,1% no semestre, puxadas pelo menor consumo de máquinas brasileiras para construção civil e agrícolas. Em contrapartida, países da América do Sul, como Argentina (+55,3%), Chile (+12,1%) e Peru (+18,5%) apresentaram forte crescimento nas compras.
Já as importações atingiram US$ 2,6 bilhões em junho, crescimento de 13,1% frente a 2024. Apesar de recuo mensal de 2,5%. No primeiro semestre, as importações somam US$ 15,7 bilhões, o maior valor da história para o período, com destaque para o avanço da participação da China, que já responde por 32,1% das máquinas importadas pelo Brasil.
Capacidade instalada e emprego
O nível de utilização da capacidade instalada caiu para 77,7% e a carteira de pedidos recuou pelo segundo mês consecutivo. Ainda assim, o emprego no setor cresceu 0,3% em junho, totalizando 420 mil postos de trabalho, influenciado, principalmente, pelo aumento da mão de obra nas indústrias fabricantes de máquinas e implementos agrícolas.
Consumo aparente
O consumo aparente recuou 4,4% em junho. Houve queda tanto na demanda por bens produzidos localmente quanto importados.