A Abiquim manifesta sua profunda preocupação com o decreto publicado no dia 30 de julho pelo governo dos EUA, que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre a maioria dos produtos brasileiros, a partir de 6 de agosto de 2025. A medida, unilateral e desvinculada das dinâmicas comerciais tradicionais, se soma à tarifa de 10% já aplicada em abril deste ano, totalizando uma carga tarifária de 50% sobre os bens atingidos.
“O impacto será expressivo sobre as exportações brasileiras de produtos químicos, comprometendo cadeias produtivas, empregos e investimentos no Brasil e nos EUA”, afirma André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim.
O setor químico brasileiro tem uma relação histórica e estratégica com os Estados Unidos, com forte integração produtiva e investimentos cruzados. Mais de 20 empresas químicas instaladas no Brasil são de capital norte-americano, operando em diversos segmentos. Em termos de balança comercial, os EUA mantêm um sólido e recorrente superávit setorial frente ao Brasil, com saldo anual próximo de US$ 8 bilhões. Em 2024, a alíquota efetiva aplicada pelo Brasil aos produtos químicos de uso industrial dos EUA foi de 7,7%, considerando a média ponderada pelo valor importado.
Em contrapartida, as exportações brasileiras de produtos químicos para os EUA somaram US$ 2,4 bilhões em 2024, com 82% desse valor concentrado em 50 códigos NCM — abrangendo petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas. Desses 50 principais itens, apenas cinco não serão afetados pela nova tarifa. São eles:
Produtos Químicos Inorgânicos
• NCM 2804.69.00 – Silícios
• NCM 2818.20.10 – Alumina calcinada
• NCM 2825.90.90 – Óxidos, hidróxidos e peróxidos de outros metais
Produtos Químicos Orgânicos
• NCM 2707.50.90 – Misturas de hidrocarbonetos aromáticos
• NCM 2903.19.90 – Derivados clorados saturados dos hidrocarbonetos acíclicos
Esses cinco produtos representaram US$ 697 milhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024 e permanecerão isentos da tarifa adicional. O restante do valor exportado - aproximadamente US$ 1,7 bilhão - será atingido pela alíquota extra de 40%, elevando a carga total para 50%.